Canchim
O Canchim é uma raça de gado de corte desenvolvida no Brasil Central através do cruzamento de gado Charolês europeu com gado Indubrazil já mantido no Brasil, onde o gado do tipo zebu asiático é mais adequado às condições tropicais. Quando comparados aos touros Zebu, os touros Canchim produzem o mesmo número de bezerros, porém mais pesados e de qualidade superior. Em comparação com as raças européias, o touro Canchim produz bezerros com o mesmo peso, mas em maior número. A progênie de crescimento rápido, de vacas zebuínas mestiças com touros Canchim, pode ser abatida aos 18 meses de idade em confinamento após o desmame, até 24 meses de idade em confinamento após pastejo e aos 30 meses de pastejo na pastagem.
Origem
O gado zebu (Bos Indicus), introduzido no Brasil no século passado, foi amplamente cruzado com rebanhos de gado nativo. A raça indígena, conhecida por sua capacidade de sobrevivência nos trópicos, adaptou-se rapidamente ao Brasil e logo povoou grandes áreas, melhorando consideravelmente a pecuária de corte brasileira. No entanto, o gado zebu foi considerado inferior às raças européias em taxa de crescimento e rendimento de carne. Ficou claro que a população de bovinos de corte precisava de melhoramento genético. A simples colocação de bovinos de corte europeus (Bos Taurus), altamente produtivos em climas temperados, no Brasil Central, não traria bons resultados, devido à sua incapacidade de adaptação ao ambiente tropical. Além do clima, outros fatores como a alta ocorrência de parasitas, doenças e o baixíssimo valor nutritivo da forragem nativa foram problemas.
Formação da raça
A raça européia utilizada na formação do gado Canchim foi a Charolês. Em 1922 o Ministério da Agricultura importou gado Charolês para o Estado de Goiás, onde permaneceu até 1936, quando foi transferido para São Carlos no Estado de São Paulo, para a Fazenda Canchim da Estação de Pesquisa do Governo, EMBRAPA. Deste rebanho originaram-se as matrizes e reprodutores utilizados no programa de cruzamentos.
A principal raça zebuína que contribuiu para a formação do Canchim foi a Indubrazil, embora também fossem utilizados gado Guzerá e Nelore. A preferência foi dada à raça Indubrasil, pela facilidade de obtenção de grandes rebanhos a preços razoáveis, o que seria difícil com Gir, Nelore ou Guzerá.
Os programas de cruzamentos alternativos iniciados em 1940 pelo Dr. Antonio Teixeira Viana tinham como objetivo obter primeiro, cruzamentos 5/8 Charolês e 3/8 Zebu e segundo, 3/8 Charolês x 5/8 Zebu, para avaliar qual dos os dois foram os de maior sucesso. O total de vacas Zebu utilizadas para produzir os mestiços foi de 368, sendo 292 Indubrasil, 44 Guzerá e 32 Nelore. Todos os animais produzidos foram criados exclusivamente no campo. O controle de parasitos foi feito a cada 15 dias e os animais foram pesados ao nascer e mensalmente. As fêmeas foram pesadas até os 30 meses e os machos até os 40 meses. Os dados recolhidos ao longo de vários anos de trabalho permitiram avaliar os vários graus de mestiçagem. Concluiu-se que o 5/8 Charolês e 3/8 Zebu era o mais adequado, apresentando excelente estrutura para carne, precocidade, resistência ao calor e parasitas e pelagem uniforme. Os primeiros animais mestiços, 5/8 Charolês e 3/8 Zebu, nasceram em 1953. Assim nasceu um novo tipo de gado de corte para o Brasil Central, com o nome de CANCHIM, derivado do nome de uma árvore muito comum na região onde a raça foi desenvolvida. Somente em 1971 foi formada a Associação Brasileira dos Criadores de Gado Canchim (ABCCAN), e em 11 de novembro de 1972 foi iniciado o Livro Genealógico. Em 18 de maio de 1983, o Ministério da Agricultura, reconheceu o gado tipo Canchim como Raça.
Novas linhagens
A raça Canchim, por ser uma raça sintética, permite aos criadores, no desenvolvimento de novos sistemas de cruzamento, utilizar as raças utilizadas para formar a raça Canchim, além da própria raça, em seu desenvolvimento.
Existem muitos criadores de Canchim formando novas linhagens de sangue. Hoje a raça Nelore domina totalmente a raça Zebu na formação do Canchim. O sêmen Charolês Americano e Francês, de touros criteriosamente selecionados também é utilizado e recomendado pela ABCCAN para formação de novas linhagens.
Ex-presidentes da Associação Brasileira dos Criadores de Gado Canchim
- Roberto Luiz de Souza Barros; 1971–1978
- Francisco Jacintho da Silveira; 1978–1982
- Diogo Antonio de Barros; 1984–1992
- João Paulo Marques Canto Porto; 1992-1997
- Peter Anthony Baines; 1997–2001
- Deniz Ferreira Ribeiro; 2001–2007
- Luiz Adelar Scheuer; 2007–2009
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